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COP30: mulheres negras destacam impactos do racismo ambiental

Debate expõe impactos da crise climática sobre comunidades afrodescendentes e a defesa por justiça climática

Nesta quinta-feira (20/11), Dia da Consciência Negra, os debates na COP30 destacaram o racismo ambiental e os impactos desproporcionais das mudanças climáticas sobre as populações afrodescendentes, especialmente mulheres e meninas. Na Zona Azul, em Belém, ocorreu a mesa “Rumo a uma Ação Climática Centrada nas Pessoas: Reconhecendo o Papel de Mulheres e Meninas Afrodescendentes”, centrada nos efeitos da crise climática sobre comunidades marginalizadas.

Entre as mulheres que participaram do encontro, esteve a secretária executiva do ministério da Igualdade Racial, Raquel Barros. Segundo ela, as mulheres e meninas afrodescendentes ainda não têm reconhecimento no debate sobre a justiça climática.

“Essas mulheres e meninas não alcançaram a justiça e são as que sofrem os impactos desproporcionais de um modelo de desenvolvimento extremamente desigual. Nós precisamos enfrentar essas dinâmicas que submetem as mulheres e meninas afrodescentes a diversos tipos de violência em decorrência dos desafios climáticos porque enfrentar essas violências é valorizar o papel que essas mulheres têm desenvolvido de maneira central para enfrentar o racismo ambiental”.

racismo

Racismo ambiental e resistência feminina 

Também no evento, participou a jovem campeã de juventude da COP30, Marcele Oliveira, que mencionou o racismo ambiental como ponto importante a ser debatido, quando se trata de crise climática.

“Aqui na COP30, a gente precisa lembrar que ação climática centrada nas pessoas significa que ação climática centrada na dignidade, na memória, na identidade e na justiça. E nesse dia da consciência negra que esta COP seja também o momento em que o mundo reconhece que enfrentar a mudança do clima é inseparável de enfrentar o racismo ambiental e enfrentar a desigualdade.”

Também participou do encontro a ministra das Mulheres, Márcia Lopes. Ela reforçou a problemática do racismo ambiental, que atinge em maior proporção, as mulheres e meninas negras.

“Os dados internacionais são claros. Mulheres negras, indígenas, ribeirinhas e periféricas  estão entre as mais impactadas por enchentes, secas, insegurança alimentar e deslocamentos forçados. Isso é um resultado direto do racismo ambiental que estrutura quem tem acesso à proteção, aos recursos e ao direito de decidir sobre seus territórios”.

Por outro lado, a ministra das mulheres reconhece que essas mesmas mulheres, além de vítimas do racismo ambiental, têm a solução nas mãos.

“Elas são as guardiãs das soluções e nós estamos vendo isso muito bem aqui nessa COP.  São elas que lideram projetos incríveis e que elas são capazes de produzir, de fazer e de realizar.  Como as hortas comunitárias, as cozinhas comunitárias ou solidárias, os bancos de sementes, sistemas de alerta, redes de cuidado e estratégias de adaptação que mantêm a vida funcionando quando as instituições falham. Nas periferias urbanas e nas comunidades tradicionais são as mulheres negras que preservam a água, o alimento, a saúde e a espiritualidade dos territórios”.

O debate na COP30 ocorre em meio à Segunda Década da ONU para Pessoas de Ascendência Africana, que vai de 2025 a 2034.

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Agência Brasil