Indústria
Indústria reduz expectativas para fim de ano e registra pior projeção de demanda para novembro desde 2016
Sondagem da CNI mostra enfraquecimento das perspectivas de vendas, compras e emprego, apesar de alta na produção e na utilização da capacidade instalada
As indústrias brasileiras iniciaram o fim de ano com projeções mais modestas para o comportamento do mercado. Em novembro, o índice que mede a expectativa de demanda por produtos industriais caiu para 51,3 pontos, depois de marcar 52,5 pontos em outubro. Segundo a Sondagem Industrial divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta segunda-feira (24/11), esse é o desempenho mais fraco para o mês em quase uma década.
Embora o setor ainda espere algum incremento típico das festas de fim de ano, o otimismo é menor que o habitual. “Os empresários estão percebendo, há alguns meses, uma queda da demanda por seus produtos. Por conta disso, projetam que a esperada alta do consumo que todos os anos ocorre no período de festas será menos intensa do que a de anos anteriores”, afirma o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
A percepção mais cautelosa também atingiu outros indicadores de expectativa. A projeção de compras de insumos e matérias-primas, que estava em 51 pontos, recuou para o nível neutro de 50 pontos, indicando que parte das empresas desistiu de ampliar os estoques ao longo dos próximos meses.
O mercado de trabalho e o comércio exterior também entraram em terreno mais negativo. O índice de expectativa de número de empregados passou de 49,3 para 49,1 pontos, e o de quantidade exportada caiu de 48,6 para 48 pontos, reforçando a percepção de retração na força de trabalho e nas vendas externas.
Entre os poucos sinais positivos está a intenção de investimento, que voltou a subir pelo segundo mês consecutivo e atingiu 55,2 pontos. Apesar disso, a CNI ressalta que, ao longo de 2025, esse indicador perdeu força e segue abaixo do nível observado no fim do ano anterior.
Produção cresce, mas emprego recua
Os dados de atividade referentes a outubro mostram um cenário misto. A produção industrial registrou 51,5 pontos, sinalizando alta frente a setembro. No mesmo período, a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) avançou de 69% para 71%, um resultado inferior ao visto em outubro de 2024 (74%), mas igual ao de 2023.
Em direção oposta, o índice de evolução do número de empregados ficou em 48,8 pontos, permanecendo abaixo da linha de 50 pontos e apontando redução no quadro de pessoal.
Estoques mais próximos do planejado
A movimentação dos estoques também revela acomodação. O indicador de evolução do nível de estoques passou de 50,7 para 50,3 pontos entre setembro e outubro, sugerindo ritmo menor de acúmulo. Já o índice que compara o volume efetivo ao usual caiu de 50,7 para 50,2 pontos, mostrando que os estoques estão praticamente alinhados ao plano das empresas.
Metodologia
A edição de novembro da Sondagem Industrial ouviu 1.446 empresas entre os dias 3 e 12 de novembro de 2025, incluindo 603 de pequeno porte, 492 de médio porte e 351 de grande porte.
Confira os indicadores na íntegra.
Com informações da CNI
Foto: Stefhani Paiva
