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Destruição: Pantanal registra mais de 70 focos de incêndio em apenas um dia

É o pior novembro em quantidade de fogo no bioma. Já são mais de 3 mil focos de incêndio em 15 dias, que consumiram mais de 1 milhão de hectares

Chamas deixam rastro de destruição e mortes de animais. Foto GRAD - site

Da Redação, com informações do G1 MT, TV Centro América e Agência Brasil

Nos últimos 15 dias, os focos de incêndio que atingem o Pantanal há mais de um mês, avançaram de forma expressiva pelo Parque do Pantanal e Encontro das Águas, chegando à rodovia Transpantaneira, a principal via de acesso ao bioma em Mato Grosso. A área consumida pelo fogo, 1 milhão de hectares, representa o triplo do registrado em todo o ano de 2022, segundo dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa/UFRJ).

Equipes de brigadistas estão intensificando as ações de combate. Porém, só na quinta-feira, 16, o Painel do Fogo, do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) registrou 71 eventos de fogo no Pantanal norte.

Desde 2002 o bioma não registrava tantos incêndios em um mês de novembro – e só nos primeiros 15 dias deste mês o bioma já registrou 3.024 focos. O biólogo Gustavo Figueiroa, diretor do projeto SOS Pantanal, disse, em entrevista ao G1, que a situação no local está fora de controle. Imagens registradas por voluntários, bombeiros e brigadistas mostram que parte da flora e da fauna está destruída.

Rastro de destruicao provocada pelo fogo no Pantanal novembro 2023. Foto GRAD site
Foto GRAD – site

O médico veterinário Anderson Fernandes Barreto disse que, na proporção em que o fogo está, somente uma chuva forte conseguiria controlá-lo.

“O Pantanal era um bioma que tinha muito animal, hoje a gente chega nesses pontos e tá até difícil de encontrar animais vivos. Infelizmente o que a gente está vivenciando aqui é um cemitério a céu aberto. A fauna e a flora vêm pagando com a vida esse preço dessa imprudência de nós seres humanos”, destacou Anderson.

O especialista também pede para que as pessoas que estejam transitando pela rodovia tenham prudência e mantenham a velocidade reduzida. Segundo ele, muitos animais tentam fugir do fogo atravessando a via e, eventualmente, podem ser atropelados.

Rastro de destruicao provocada pelo fogo no Pantanal novembro 2023. Foto2 GRAD site
Foto: Grad – site

As 10 áreas mais atingidas pelo fogo são:

  • Terra Indígena Tereza Cristina: 50,57%
  • Parque Estadual Encontro das Águas: 34,79%
  • Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense: 27,31%
  • Fazenda Estância Dorochê:
  • Terra Indígena Kadiweu: 20,10%
  • Fazenda Rio Negro: 16,78%
  • Poleiro Grande: 80,26%
  • Terra Indígena Baía dos Guató: 17,30%
  • Serra das Araras: 3,41%

Fogo assusta motoristas que passavam pela BR-262

Em Mato Grosso do Sul, o fogo avançou pela BR-262. Um vídeo gravado de dentro de um carro mostra as chamas consumindo a vegetação às margens da estrada e a fumaça invadindo a pista, impedindo a passagem segura dos condutores.

Já em Mato Grosso a preocupação das equipes é que o fogo ultrapasse a rodovia Transpantaneira, que é cercada de casas, fazendas e pousadas. Na última quinta-feira, 16, hóspedes e brigadistas alocados nessas áreas precisaram sair às pressas.

Com 150 km de extensão, a Transpantaneira cruza a maior planície alagável do planeta e é conhecida por ser um atrativo turístico da região.

Decreto proíbe queimadas em MT até 30 de novembro

O governo de Mato Grosso publicou, na terça-feira, 14, um decreto de emergência ambiental que reforça as ações de combate aos incêndios no Pantanal. No domingo,12, o governo federal enviou mais 90 brigadistas para combater os incêndios – o total de agentes agora é 299.

O decreto prorroga o período proibitivo para queimadas no estado até 30 de novembro, e atende à exigência do governo federal no pedido de apoio para combate aos incêndios.

Brigadistas combatem os incendios no Pantanal nov 2023 Foto Joedson Alves Ag. Brasil
Brigadistas tentam debelar os incêndios. Foto Joédson Alves/ Ag. Brasil

O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires, está na região de Porto Jofre, no município de Poconé (MT), para ver de perto o trabalho dos brigadistas. O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, também esteve em Mato Grosso para acompanhar o combate aos incêndios florestais que atingem o Pantanal.

“Os nossos brigadistas em geral fazem um trabalho bastante especializado, mas é um trabalho de risco, extenuante. É um trabalho que exige muito cuidado, muita técnica, porque combater o incêndio é antes de tudo preservar a vida, incluindo a vida dos brigadistas, a vida das pessoas. Estamos totalmente dedicados para que esse combate aconteça da melhor forma possível e que todos voltem em paz para os seus lares”, diz Pires

“Nossa expectativa é que com incremento dos brigadistas, do reforço de aeronaves e dos equipamentos a gente consiga debelar o mais rápido possível esses focos. Isso não quer dizer que terá sido encerrada a temporada de incêndios, mas nós temos a expectativa de que, debelando esses principais focos, a gente consiga manter uma situação bem mais controlada do que se verificou nesses últimos dias”, reforça o presidente do ICMBio.

Resgate de animais – O ICMBio também tem equipes de veterinários para fazer o rápido resgate de animais feridos. Pires lembra que nos incêndios ocorridos em 2020 na região foi registrada a morte de centenas de espécies de animais.

Equipes tentam salvar animais resgatados dos incendios no Pantanal novembro 2023. Foto1 GRAD site
Equipes tentam salvar animais resgatados dos incêndios. Foto/ GRAD site

Pires explica que focos podem surgir tanto por ação criminosa, como associados a fatores naturais: elevada seca, altas temperaturas e a velocidade dos ventos na região, além da incidência de raios. No dia 21 de outubro, três raios atingiram o Parque Nacional do Pantanal, a Reserva Particular do Patrimônio Natural Dorochê e uma propriedade particular próxima.