Indústria
Brasil deve acelerar ampliação de acordo de livre comércio com o México
País é prioritário na diversificação de mercados para indústria brasileira e discute aumento de tarifas de importação; depois de asiáticos, Brasil seria principal prejudicado
O Brasil precisa avançar na construção de acordo de livre comércio mais robusto com o México, mercado prioritário da agenda internacional da indústria nacional, defende a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A medida é considerada fundamental para proteger e ampliar a relação comercial bilateral, sobretudo se o governo mexicano conseguir aprovar nova medida prevê aumento substancial de tarifas de importação no México.
O Congresso do México vai avaliar o projeto do executivo que institui o Programa de Protección para las Indústrias Estratégicas, que propõe elevar tarifas de importação de 983 produtos de 19 setores. A tarifa média de importação subiria de 16,1% para 33,8%, conforme a proposta, podendo chegar a 50% em alguns produtos. Uma análise da CNI mostra que a China seria o país mais afetado (US$ 34,2 bi em exportações sujeitas a novas tarifas), seguida por Coreia do Sul, Índia e Tailândia. Com exceção dos países asiáticos, o Brasil seria o país mais prejudicado.
Em 2024, o México importou US$ 11,7 bilhões do Brasil, dos quais US$ 1,7 bilhão (14,7%) podem estar sujeitos às novas tarifas. No caso do Brasil, a medida atinge 232 produtos e 16 setores da indústria de transformação. Veículos automotores respondem por 53,8%, seguidos por borracha e plásticos (14,3%), máquinas e equipamentos (7,9%), químicos (7%) e metalurgia (6,3%).
“O México é mercado prioritário para a indústria brasileira, mas o que temos de comércio coberto pelos acordos vigentes está muito aquém do potencial. Mais de 70% do que comercializamos com o México estão fora do escopo dos acordos. Avançar na ampliação do acordo comercial é fundamental para a diversificação de mercados para a indústria brasileira e para abrir oportunidades melhores para a indústria brasileira”, avalia Ricardo Alban, presidente da CNI.
Acordos vigentes têm cobertura insuficiente
Atualmente, Brasil e México mantêm 3 acordos de comércio. O Acordo de Complementação Econômica (ACE) 55 concede livre comércio apenas ao setor automotivo e mitigaria parte relevante dos impactos, com 100% de preferência para 59,8% do valor afetado (cerca de US$ 1 bi). Beneficiam-se sobretudo veículos automotores (67,4%), borracha e plásticos (17,5%) e máquinas e equipamentos (10,7%). Já o ACE 53 oferece preferências 100% para apenas três produtos da medida mexicana (sabões e pasta de dente), que representaram US$ 10,5 milhões em exportações ao México em 2024.
Pelos cálculos da CNI, se a medida proposta pelo governo mexicano avançar, US$ 688,9 milhões em exportações brasileiras não têm cobertura ou contam apenas com margens parciais do ACE 55 e do Acordo Regional de Preferência Tarifária Regional 4 (APTR 04), em geral, de 20%, reduzindo a competitividade brasileira. Entre os setores mais expostos estão veículos automotores (30,5%), químicos (15,9%), metalurgia (15,6%), borracha e plásticos (11,9%) e outros oito setores da indústria de transformação.
Fonte: CNI
