Saúde
Anvisa autoriza vacina do Butantan que protege contra dengue com apenas uma aplicação
Imunizante Butantan-DV, primeiro de dose única no mundo, apresentou alta eficácia em estudos com mais de 16 mil voluntários e deve integrar o Programa Nacional de Imunizações
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu aval à Butantan-DV, vacina criada pelo Instituto Butantan, abrindo caminho para que o país tenha, pela primeira vez, um imunizante contra a dengue capaz de oferecer proteção completa com apenas uma dose. A inclusão no Programa Nacional de Imunizações está prevista para o público de 12 a 59 anos, faixa etária contemplada na aprovação inicial.
A decisão veio após quase uma década de acompanhamento clínico: entre 2016 e 2024, mais de 16 mil brasileiros de 14 Estados participaram dos testes que embasaram o pedido do instituto. A formulação apresentou 74,7% de eficácia geral e desempenho ainda mais expressivo contra os quadros graves da doença, alcançando 91,6% de proteção nessas situações e impedindo totalmente as hospitalizações registradas no estudo. Por reunir os quatro sorotipos do vírus, o imunizante demonstrou resposta adequada tanto em pessoas que já tinham tido dengue quanto naquelas sem contato prévio.

Os efeitos colaterais observados durante as pesquisas foram, em grande parte, leves e passageiros: dor e vermelhidão no braço, cansaço e dor de cabeça apareceram com maior frequência. Situações classificadas como mais sérias foram incomuns e todas evoluíram para recuperação plena.
Mesmo que a autorização atual abarque somente adultos e adolescentes a partir de 12 anos, novas faixas etárias já estão na mira do órgão regulador. A Anvisa liberou estudos para avaliação em pessoas de 60 a 79 anos e aguarda dados adicionais que permitirão analisar o uso da vacina em crianças entre 2 e 11 anos.

O Butantan, antecipando a demanda, iniciou a produção antes do aval oficial e informou ter mais de 1 milhão de doses prontas para distribuição ao PNI. Para expandir o volume disponível, o instituto firmou acordo com a chinesa WuXi, parceria que deve permitir a oferta de aproximadamente 30 milhões de doses a partir do segundo semestre de 2026.
Fotos: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil e Agência São Paulo
